A Censura Militar nas Ilhas durante a 2.ª Guerra Mundial Joaquim Sousa Lobo Desenhos de Eduardo Silva
1. A CENSURA MILITAR NO ARQUIPÉLAGO DA MADEIRA Quinze anos depois da publicação no “O TIMBRE”, de vários artigos sobre o assunto acima citado, que, só foram possiveis, dada a insistente persistência do saudosos amigo Grão Mestre Dr. Anibal Queiroga em transformar-me em escriba filatélico, achei ser a altura de voltar ao tema, pois as marcas novas entretanto aparecidas são já muitas, e, necessário se torna portanto, proceder às devidas actualizações. Tenho que realçar aqui também, o aparecimento de novos coleccionadores para este tema da História Postal, o que muito me apraz referir. Os artigos que vou agora reeditar estão baseados na minha colecção, sendo por isso natural que estejam muito incompletos. Assim, desde já agradeço toda a colaboração dos leitores e coleccionadores, informando a revista do nosso clube, das marcas que eventualmente possuam e não estejam aqui referidas. Nesta nova abordagem começarei por referir o que escrevi em Abril de 1990 e foi publicado no nº 4 do “O Timbre” em Julho de 1990. Vejamos então. A censura no Arquipélago da Madeira teve o seu início em 27 de Julho de 1943, para a correspondência do pessoal militar e, a 1 de Agosto do mesmo ano para a correspondência civil. O suporte legal para o exercício da censura foi a Portaria nº 10.402 de 28 de Maio de 1943, publicada na O.E. nº 4 – 1ª série, de 30 de Junho de 1943, a qual, juntamente com instruções especiais, foi publicada nos periódicos locais, para conhecimento público, indicando também o dia exacto em que a censura entrava em vigor. Este serviço, como já se disse, dividiu-se em dois ramos: - censura à correspondência do pessoal militar; - censura à correspondência civil. Com a publicação da Ordem de Serviço nº 130 do Comando Militar da Madeira, de 27 de Julho de 1943 e com efeitos imediatos, entrou em vigor a censura do pessoal militar, censura essa que era exercida pelos Comandantes das Unidades, Chefes de Repartição e de Estabelecimentos Militares. Para a censura à correspondência civil foi constituída a Secção de Censura, sob a direcção da 1ª Repartição do Quartel General do Comando Militar da Madeira, com início em 1 de Agosto de 1943. Os diversos serviços de censura cessaram toda a actividade a 22 de Agosto de 1945. Para a marcação da correspondência do pessoal militar censurada foram utilizados múltiplos e variados carimbos, já que cada unidade, sub-unidade, repartição ou estabelecimento militar, tinha a liberdade de criar as suas próprias marcas, não havendo regra alguma para a sua concepção e fabrico, salvo a de terem, obrigatoriamente, a palavra CENSURA ou CENSURADO e o nome ou as iniciais da unidade. Passo a referir-me aos que possuo, reproduzindo-os e indicando as cores em que aparecem batidos. Des. n.º 1- Comando Militar da Madeira (tipo 1) * (45x15 mm) - a vermelho, azul e preto Des. nº 2 - Comando Militar da Madeira (tipo 2) * (48x15 mm) - sempre batido a azul Des. n.º 3 – 3.ª Companhia so Serviço Material do Regimento de Engenharia 1 * (36x27 mm) – aparece batido a preto Des. n.º 4 – Formação de Transmissões * (45x24 mm) – aparece batido a vermelho Des. n.º 5 – Grupo de Artilharia Contra-Aeronaves 5 * (26x11 mm) – aparece batido a violeta Des. n.º 6 – Hospital Militar da Madeira * (36x17 mm) – aparece batido a vermelho Des. n.º 7 – Comando do Regimento de Infantaria 19 * (39x28 mm) – aparece batido a violeta Des. n.º 8 – 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 19 * (46x16 mm) – aparece batido a azul
Des. n.º 9 – 3.º Batlhão – 2.ª Companhia de Atiradores do Regimento de Infantaria 19 * (47x29 mm) – aparece batido a violeta
Des. n.º 10 – 4.º Batalhão Independente de Infantaria 19 * (26x10 mm) – aparece batido a vermelho
Des. n.º 11 – Depósito do Batalhão Independente de Infantaria 19 * (58x28 mm) – aparece batido a vermelho
Des. n.º 12 – Depósito do Batalhão Independente de Infantaria 19 * (54x26 mm) – aparece batido a violeta
Des. n.º 13 – Aviso de 2.ª Classe “João de Lisboa” – Comando * (42x28 mm) – aparece batido a azul
Figura 1 - Marca de Censura, manuscrita a vermelho, do Aviso de 2ª Classe “João de Lisboa” Na censura às correspondências civis foram utilizados catorze carimbos, numerados de 1 a 14, números estes que identificavam o censor. Como se pode ver a seguir, em baixo, são de formato oval e as iniciais inscritas significam CENSURA MILITAR POSTAL TELEGRÁFICA e CENSOR. Aparecem normalmente batidos a violeta. Possuo os números todos menos o 11. Des. n.º 14 – Censura Militar Postal e Telegráfica / Censor / Censurado * (54x24 mm) – aparece batido a violeta Existia ainda um carimbo de Censura Militar Postal e Telegráfico destinado aos oficiais censores à Rádio Marconi, o qual a seguir se mostra. Des. n.º 15 – Ministério da Guerra / Censura Militar Postal e Telegráfica / Visto pela Censura Militar * (61x20 mm) – aparece batido a violeta. Para o fecho da correspondência foi utilizada fita de papel gomado de cor bistre e com a legenda a preto, “ABERTO PELA CENSURA / MADEIRA”. São conhecidos dois tipos diferentes. Des. n.º 16 – Aberto pela Censura * (48,5x8 mm) – a preto Figura 2 – Tipo 1 Des. n.º 17 – Aberto pela Censura * (50x8 mm) – a preto
Figura 3 – Tipo 2 Sempre que a correspondência violava as disposições do Regulamento da Censura, era devolvida ao remetente depois de lhe ser aplicado o carimbo “DEVOLVIDO À PROCEDÊNCIA PELA CENSURA MILITAR”. Des. n.º 18 – Devolvido á Procedencia / Pela Censura Militar * (83x16 mm) – aparece batido a violeta BIBLIOGRAFIA - “Relatório e Contas de Instalação e Funcionamento dos Serviços de Censura Militar”. - Cor, Carlos Afonso dos Santos - Jornais da época.
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